Trabalho Premiado

MARIA MARLENE NASCIMENTO TEIXEIRA PINTO - Cadeira nº 32 da ATL - Patrono: Darcy Albernaz

 

Poesia - O trem

 

No silêncio da madrugada,

ao longe, ouço o apito barulhento de um trem.

Fico a imaginar...

Todos os dias, um eterno vai e vem...

Gente que chega e quer ficar,
gente que vem e quer voltar.

Um amálgama de pessoas e bagagens!
Os vagões alinhados, a Maria Fumaça fumegando,

o foguista, incansável, operando as caldeiras a vapor,

enquanto o maquinista conduz o comboio,

carregado de esperança, alegria, saudade,

deixando o passado que passou para trás...

Piuí  Piuí  Piuí!

Sempre em frente, desbravando caminhos,

entre montanhas e florestas sem fim,

desembarcando, em cada estação,

histórias inacabadas, desencontros, despedidas.

Embarcando expectativas e quimeras.

Após, vai prosseguindo, bem devagar,

nas linhas estendidas, retas e sinuosas,

que  o destino traçou.

Não importa aonde vai e o motivo.

Há de parar em algum lugar.

Meu imaginar, de supetão, pega carona no trem.

Quero, preciso reencontrar alguém

que, por descuido, ficou em algum lugar,

sem ao menos se despedir,

perdido no tempo,

na plataforma da vida!