APRESENTAÇÃO
Inicio a apresentação desta Coletânea com a poesia Voo[1], de Cecília Meireles[2].
Alheias e nossas
as palavras voam.
Bando de borboletas multicores,
as palavras voam.
Bando azul de andorinhas,
bando de gaivotas brancas,
as palavras voam.
Voam as palavras
como águias imensas.
Como escuros morcegos
como negros abutres,
as palavras voam.
Oh! Alto e baixo
em círculos e retas
acima de nós,
em redor de nós
as palavras voam.
E às vezes pousam.
As palavras “pousadas” nesta Coletânea trazem o sentir de todos os acadêmicos da ATL, como expressão maior do nosso cotidiano, das nossas observações, e da nossa própria vida. Elas expõem a contemplação maior da nossa sensibilidade humana, sempre oferecida à nossa produção literária.
E, nessas colocações, “falamos” e revelamos nosso sentir e nosso pensar coletivos.
Desde 2017, as capas das nossas coletâneas privilegiam imagens de prédios e espaços correspondentes a momentos históricos do município de Taubaté, e divulgam o trabalho de artistas locais.
Assim, tivemos:
. XIII Coletânea (2017) – a frente do Museu Histórico, Folclórico e Pedagógico Monteiro Lobato, conhecido como “Sítio do Picapau Amarelo” (artista: Nazareth Ferrari);
. XIV Coletânea (2018) – o espaço histórico da Praça Dom Epaminondas (artista: Ricardo Pacheco de Medeiros Montenegro);
. XV Coletânea (2019) – o prédio da Estação Ferroviária (artista: Bernadete Lima);
. XVI Coletânea (2020) – o Edifício Félix Guisard, conhecido como “Prédio do Relógio”, da antiga Companhia Taubaté Industrial - CTI (artista: Fabio Pinheiro da Silva);
. XVII Coletânea (2021) – a frente do prédio do Departamento de Ciências Sociais e Letras, da Universidade de Taubaté - UNITAU (artista: Vera Lourenço);
. XVIII Coletânea (2022) – o prédio do Museu da Imigração Italiana, localizado no Distrito de Quiririm (artista: Fernanda Fenille Molinaro).
A capa desta XIX Coletânea ficou a cargo da artista Caroline dos Santos Gomes, que retratou a entrada do Parque Municipal Vale do Itaim.
É importante salientar que a ATL se sente agraciada com os trabalhos artísticos ofertados pelos referidos artistas, aos quais nós agradecemos.
Como afirma Clarice Lispector[3], “Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados.”4. Logo, que nossos acadêmicos continuem a se empenhar na tarefa de “quebrar rochas” e que os leitores se deleitem com as palavras pousadas nesta Coletânea.
Regina Célia Pinheiro da Silva
Presidente da ATL – biênio 2022-2023
[1]MEIRELES, Cecília. Obra poética. RJ: Nova Aguilar, 1986. p. 627.
[2]Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901-1964), poetisa, professora, cronista e jornalista. Com estilo marcante, faz parte da segunda fase do modernismo brasileiro, mas não pertenceu a nenhum movimento literário. Criou a primeira biblioteca infantil do Brasil em 1934. Disponível em: https://www.portugues.com.br/literatura/cecilia-meireles.html. Acesso em: 5 out. 2023.
[3]Clarice Lispector (1920-1977), escritora e jornalista brasileira, autora de romances, contos e ensaios. Seus textos fazem parte da terceira geração modernista (ou pós-modernismo). Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/clarice-lispector.htm. Acesso em: 5 out. 2023.
4 LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 19.