Documento de outubro de 1973, conforme pesquisa feita junto ao Cerimonial da Câmara Municipal de Taubaté, onde o Dr. Wilson Alves de Carvalho foi vereador por 5 legislaturas, chegando à Presidência desta Casa no ano de 1965.

Wilson Alves de Carvalho nasceu, no dia 1º de novembro de 1911. Foi um brasileiro, casado, advogado, agricultor e professor. Residiu e domiciliou em Pindamonhangaba. Nasceu, em Santa Rita do Jacutinga, na fazenda do Bananal, de propriedade de seu avô Prudente Alves, filho de João Alves de Carvalho e Maria Mertuchi de Carvalho.

Da Fazenda Bananal, onde nasceu, foi residir em Santa Rita do Jacutinga, uma vilazinha perdida lá nos confins de Minas Gerais, e ali fez o curso ginasial, naquele tempo em que os exames finais eram feitos perante bancas examinadoras enviadas do Colégio Pedro Segundo, do Rio de Janeiro e da Escola de Engenharia de Ouro Preto. Nesse educandário, que fica em Itanhandu, ali do outro lado da Mantiqueira, na direção de Cruzeiro, próximo de Passa Quatro, Wilson Alves de Carvalho teve no Ginásio Sul Mineiro, dois orientadores que marcaram a sua vida: o seu velho professor de latim e português – José da Costa Brito e Heitor Alves, que além da matemática que ensinava aos seus alunos, deslava na alma dos seus jovens alunos – a poesia. Daí o pendor para as letras que sempre teve o Dr. Wilson Alves de Carvalho, sendo bom poeta e excelente cronista, tendo mesmo, aqui em Taubaté, durante longo tempo que habitou entre nós, sustentado na “A Tribuna” uma coluna diária, de que muitos ainda se recordam – intitulada “Crônicas Desiguais”. Feito o seu curso ginasial, em Itanhandu, com 16 anos, o jovem Wilson Alves de Carvalho foi para o Rio de Janeiro para fazer exame vestibular para a faculdade de Medicina. Por esse tempo, seu pai, Sr. João Alves de Carvalho, lutava já em Pindamonhangaba, em um sítio, onde trabalhava para sustentar seus oito filhos, 3 homens e 5 mulheres, mantendo 3 deles internados no ginásio Sul Mineiro, trabalhando, quase que exclusivamente para pagar o “colégio dos meninos”. Precisando trabalhar para estudar, Wilson não pôde fazer o curso de medicina, que exigia uma frequência mais assídua e maiores despesas, resolvendo, então, fazer vestibular para a Faculdade de Direito, ingressando, com muito boas notas na velha Faculdade do Catete, onde teve os seus estudos orientados por professores de nomeada, citando-se entre eles Sá Pereira, Cata Preta, Hermes Lima, Leônidas de Rezende, Porto Carrero – pai e Porto Carrero – filho, o introdutor da psicanálise no Brasil, tradutor das obras de Freud. Nesse tempo, por volta de 1932, um ano antes de se formar, Wilson Alves de Carvalho publicou um livro de versos, intitulado Ouro em pó, livro que recebeu crítica elogiosa do velho mestre João Ribeiro, de Odylo Costa Filho e do poeta Murilo de Araújo e da crítica literária em geral. Em 1933, no dia 8 de dezembro, o Doutor Wilson Alves de Carvalho colou grau, na Faculdade de Direito, sendo seu paraninfo o falecido ministro Ary Franco, ex-ministro do Supremo Tribunal e que estreitou na Faculdade de Direito, os seus laços de amizade com o seu discípulo, considerando-o tanto que no seu discurso de paraninfo chegou a mencionar, como valores da Faculdade de Direito, entre outros bacharéis que terminaram o curso naquele ano, Wilson Alves de Carvalho e Odylo Costa Filho, também formado naquela oportunidade. Formado no Rio de Janeiro, no dia seguinte à sua colação de grau, vem para o interior.

Seu pai, como bom mineiro, mesmo ocupado no seu sítio do Ribeirão Grande, em Pindamonhangaba, arranjava um tempinho para fazer política, integrando os quadros do Partido Constitucionalista, de que era chefe o Dr. Armando de Salles Oliveira, partido esse que, posteriormente, veio se transformar na União Democrática Nacional – U.D.N. Em 1934, o Dr. Wilson Alves de Carvalho casou-se, em primeiras núpcias, com uma professora de Pindamonhangaba, D. Noêmia da Silva Carvalho, com a qual teve uma única filha, Iracema da Silva Carvalho. Veio muito moço para Taubaté e, nesta cidade, como educador e advogado, granjeou logo a simpatia, admiração e o respeito de toda a comunidade. O Dr. Wilson Alves de Carvalho passou para o ensino secundário, sendo professor de História em Presidente Prudente e Taubaté. Foi exatamente aqui nesta cidade que o Dr. Wilson iniciou suas atividades políticas. Atraído por essa área, Dr. Wilson Alves de Carvalho viveu momentos intensos. Quando Luiz Carlos Prestes encarnava de fato a figura do Cavalheiro da Esperança, antes de se colocar abertamente contra o Brasil, atraiu a adesão do Dr. Wilson, que se elegeu vereador, pela primeira vez, em 1947 e teve o seu mandato declarado extinto em virtude da cassação do registro do Partido Comunista Brasileiro (P.C.B.), a que ele pertencia. Sempre estudioso e atento aos interesses maiores da Pátria, reexaminou sua posição e continuou batalhando pelos ideais mais legítimos, vindo a eleger-se vereador, mais uma vez, e cumpriu com muita distinção o seu mandato como representante da extinta União Democrática Nacional (U.D.N.). Para o Ginásio do Estado o Dr. Wilson entrou sem nenhuma interferência política, mas a convite do seu amigo, o ex-diretor Prof. Roswall Freire, que tinha pelo Dr. Wilson grande estima e admiração pela sua cultura. O jovem professor, bacharel, decidiu abrir a sua banca de advocacia mesmo ainda militando na política e muitos ainda devem se lembrar da sua atuação nesse setor, combativo e incansável na defesa das causas que abraçava, Dr. Wilson Alves de Carvalho gozava da estima de todos e da alta consideração dos seus colegas.

            Em pouco tempo, firmou o seu nome como advogado, sendo o seu escritório um dos mais prósperos de Taubaté, quiçá do Vale do Paraíba. Sem se divorciar da sua linha política, se transformou no advogado dos trabalhadores taubateanos, à frente de vários sindicatos no Vale do Paraíba. Teve uma atividade intensa nessa advocacia, na qual se especializou, por força das circunstâncias. Em 1951, quando ainda era professor do Ginásio do Estado, publicou o seu segundo livro de versos – Poemas Desiguais, obra que lhe trouxe alguns aborrecimentos e grandes alegrias, recebendo abertos elogios da crítica literária, inclusive de outro grande poeta, querido e estimado de todos nós – o Prof. Cesídio Ambrogi. Como prova da estima que desfrutava de seus colegas advogados, o Doutor Wilson Alves de Carvalho foi guindado por 4 biênios sucessivos, por 8 anos a presidência da subsecção da Ordem dos Advogados de Taubaté. Como político, o Dr. Wilson decidiu que só faria política municipal, interessando-lhe apenas a defesa intransigente dos interesses de Taubaté. Sem apresentar prova que seria desnecessário, vários são os projetos de lei apresentados pelo ex-vereador Wilson Alves de Carvalho, em defesa da cultura e do ensino da nossa terra. A sobrevivência da Escola de Engenharia teve nele um grande defensor, pois foi um dos idealizadores da sua municipalização. A Escola de Medicina, ao lado do Dr. José Ortiz Monteiro Pato, teve nele, essa época presidente da Câmara Municipal, um grande defensor. A sua participação se fez sentir na criação da Escola de Ciências Econômicas. A Universidade de Taubaté teve em Wilson Alves de Carvalho um dos mais dedicados servidores como catedrático, pró-reitor e vice-reitor, sucessivamente.

Na administração municipal, como assessor para assuntos especiais e, depois, como chefe do GEAP, na gestão do ex-prefeito Waldomiro Carvalho, ele teve também destacada atuação, muito contribuindo para a abertura e conservação de estradas municipais, realização de encontros ruralistas e de eventos de marcante significação. Inesquecível foi a atividade democrática do Doutor Wilson à frente das campanhas de Jânio Quadros e Carvalho Pinto, ao lado de Moacyr Freire, Renato Feres, Omar Rangel, João Ribeiro e Jaurés Guisard, e outros ardorosos companheiros. Os anais da Câmara Municipal de Taubaté estão aí para testemunhar o combate que o vereador Wilson Alves de Carvalho deu aos janguistas nesta Casa. Como presidente da Câmara, teve uma atuação integérrima, presidindo-a como um verdadeiro magistrado. Recebeu com alegria a revolução de 1964, à qual começaram a aderir muitos daqueles que às vésperas tinham proposto até título de cidadania taubateana a João Goulart, combatido pelo Doutor Wilson, que estigmatizava o adesismo dos oportunistas, que só admitem política na crista da onda. Por muitos anos, o nosso homenageado foi professor da Faculdade de Direito. Foi proprietário da fazenda São Miguel, em Pindamonhangaba, revelando-se adiantado fazendeiro-rizicultor. O Dr. Wilson Alves de Carvalho viveu em Pindamonhangaba, ao lado de sua esposa e dos netos, e trabalhou “nos arrozais de S. Miguel”, pedaço de terra à beira do Paraíba, onde plantou arroz e trabalhou das 6 às 18h. À frente de seu escritório de Taubaté deixou seu sobrinho, o Dr. João Romeu de Carvalho Goffi, advogado, que, seguindo as pegadas do mestre, é hoje um nome querido e respeitado nos meios forenses. O Dr. Wilson foi membro da Academia de Letras de Pindamonhangaba, e ocupou a cadeira Barão Homem de Mello. Com o falecimento de D. Noêmia, casou-se novamente, com D. Martha Maria de Oliveira.

Segundo Leny Mendes Castilho, membro da Academia Taubateana de Letras, em 1953 o Dr. Wilson Alves de Carvalho foi o paraninfo da turma do Curso Normal da Escola “Monteiro Lobato”. Ela informou ainda que o Dr. Wilson sempre dizia: “Todas as profissões passam pelos professores”, e que além de grande amigo, ele tinha um profundo respeito e admiração pelo Professor José Jerônymo de Souza Filho, que foi um dos mentores da Semana de Arte Moderna juntamente com Monteiro Lobato. O Dr. Wilson Alves de Carvalho faleceu no dia 24 de agosto de 1984, aos 72 anos de idade.

O Dr. Wilson Alves de Carvalho foi um homem ativo que se destacou na política de Taubaté, e se rendeu aos encantos do magistério e da literatura”.

Resultados eleitorais:

1947 – PST

1959 – PTN – 424

1963 – UDN – 313

4ª LEGISLATURA (1960 a 1963)

5ª LEGISLATURA (1964 a 1968) – Pela renúncia do vereador Wilson Alves de Carvalho, assumiu a vereança Moacyr Freire (21/12/1967 a 31/12/1968).

Presidente 1965.

Normas legais de sua autoria:

1) Lei nº 702, de 5 de maio de 1963

Regula a nomenclatura de vias, monumentos e logradouros públicos.

2) Lei nº 773, de 20 de fevereiro de 1964

Dispõe sobre denominação de logradouro público (Praça Catulo da Paixão Cearense). Fica denominada Praça “Catulo da Paixão Cearense”, a atual praça existente no Jardim Ana Emília, deste Município.

3) Lei nº 461, de 11 de junho de 1960

Cria e concede Diploma de Emulação Eleitoral.

4) Lei nº 532, de 30 de junho de 1961

Dispõe sobre o Consórcio Intermunicipal de Assistência aos menores.

5) Lei nº 688, de 25 de março de 1963

Declara de utilidade pública o Esporte Clube Taubaté.

 

6) Lei nº 770, de 28 de janeiro de 1964

Dispõe sobre construção de moradias rurais, de cacimbas com água potável e de dispositivos gerais.

7) Lei nº 722, de 14 de agosto de 1963

Dispõe sobre obrigatoriedade de colocação de filtros em motores de escova.

8) Lei nº 755, de 23 de dezembro de 1963

Dispõe sobre denominação de via pública – “Rua Dr. Antônio de Moura Abud”. Passa a denominar-se Rua Dr. Antonio de Moura Abud, a travessa existente na Rua Domingues Ribas, no Bairro da Monção.

9) Lei nº 774, de 20 de fevereiro de 1964

Dispõe sobre denominação de logradouro público (Praça Manoel de Abreu). Fica denominada Praça “Manoel de Abreu”, a praça localizada no Jardim Russi, deste Município.

10) Lei nº 788, de 20 de abril de 1964

Dispõe sobre autorização à Prefeitura, para ampliação da rede de energia elétrica para fins domiciliares.

11) Lei nº 823, de 3 de novembro de 1964

Autoriza a Prefeitura a conferir troféu denominado “Jeca Tatu” ao intelectual do ano.

12) Lei nº 832, de 9 de dezembro de 1964

Dispõe sobre denominação de via pública: Rua “Ribeiro Couto”. Fica denominada Rua “Ribeiro Couto” a atual Rua “12” do Jardim Ana Emília, deste Município.

13) Lei nº 834, de 9 de dezembro de 1964

Dispõe sobre prorrogação do prazo de que trata o artigo 3º da Lei nº 789, de 25 de maio de 1964, para apresentação da descrição da Bandeira do Município.

14) Lei nº 887, de 14 de setembro de 1965

Determina a colocação de ventiladores nas chaminés das fábricas situadas na zona urbana.

15) Lei nº 912, de 27 de dezembro de 1965

Isenta de imposto de transmissão “inter-vivos” a aquisição de imóvel destinado à edificação de hotel.

16) RESOLUÇÃO Nº 15/60

Altera a redação do artigo 2º, da Resolução nº 6, de 23 de dezembro de 1949 (Regimento Interno).

17) Resolução nº 15, de 29 de novembro de 1960

Altera a redação do artigo 2º, da Resolução nº 6, de 23 de dezembro de 1949 (Regimento Interno). Regimento interno e afins.

18) Resolução nº 13, de 23 de novembro de 1960

Concede ao Doutor Antônio Silvio da Cunha Bueno, o título de “PIONEIRO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA”.

Fonte:

Livro Contribuição à História de Taubaté – páginas 586 e 587.