PREFÁCIO ao livro: Um novo olhar para a educação: Estratégias metodológicas para um ensino inovador. Publicado em 2019.

Organizadoras: Berta Beznosai Hechtman

Rose Lima de Morais Campos

 

A Universidade de Taubaté tem desenvolvido, há vários anos, proveitosa e expressiva produção técnico-científica, nas variadas áreas do conhecimento, como consequência dos resultados obtidos a partir de esforço comum, emergindo significativas pesquisas, cujos resultados interferem positivamente no desenvolvimento de políticas metodológicas capazes de favorecer o processo ensino-aprendizagem em âmbito geral. Assim, é inegável a relevância das pesquisas, em especial, as aqui contempladas, que fortalecem e contribuem para a melhoria das práticas educativas as quais estão sempre em constantes mudanças, como consequência de todo um desenvolvimento tecnológico.

Contudo, a aplicabilidade da intervenção da prática metodológica como resultados das pesquisas científicas ainda é bastante incipiente, muito embora as orientações metodológicas estejam avançando. Por isso, é com grande prazer que prefacio a presente coletânea a qual reúne artigos de autoria de Professores Especialistas, Mestres e Doutores que não pouparam esforços para a concretização de uma teoria pedagógica efetiva a qual contribui de forma eficaz e relevante para uma prática educacional de excelência. Minha satisfação, como uma das autoras desta obra, deve-se pela natureza dos artigos os quais abordam temas contemporâneos e relevantes no âmbito da gestão educacional ao conhecer os belíssimos trabalhos desenvolvidos pelos profissionais aqui contemplados.

Trata-se de uma prática que estimula a pesquisa científica e a produção do conhecimento em um contexto que, cada vez mais, prioriza a inserção de práticas metodológicas diferenciadas nas salas de aula. A intenção é disponibilizar a produção de conhecimento científico por intermédio de reflexões, indagações e formulações de possíveis soluções advindas dos participantes.

Assim, sendo estes artigos uma pequena amostra das pesquisas realizadas pelos professores-pesquisadores, convido o leitor a conhecer as temáticas aqui escolhidas e manter a curiosidade e o prazer pelas pesquisas, reconhecendo que estamos todos constantemente aprendendo.

A todos os autores que contribuíram com um artigo para este livro, meu sincero agradecimento pelo apoio à nossa iniciativa.

 

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CONTO -A VIDA TEM A COR QUE VOCÊ PINTA

 

O percurso de nossas vidas é baseado em escolhas. Podemos escolher ficar triste ou alegre, sair ou ficar, amar ou odiar. É verdade, também, que certas ações independem de nossas escolhas, como o aparecimento de uma determinada doença, um dia de chuva, a dispensa de um emprego. Entretanto, fazendo parte ou não de nossas escolhas, a vida sempre nos oferece caminhos alternativos e, assim, cabe a nós, somente a nós decidirmos.A vida tem a cor que você pinta!

A história a seguir ilustra bem essa frase:

Alguns homens estavam trabalhando sob uma rocha, literalmente dentro de uma caverna, em local de difícil acesso. Tratava-se de trabalho esporádico cujo desfecho dependia a ação efetiva e responsável desses homens que não poupavam esforços para obterem o resultado esperado até porque dissodependia o sustento de suas famílias que na região habitavam.

Em virtude de uma forte tempestade nunca antes vista, a rocha ruiu de tal maneira, que seu interior se movimentou, formando uma espécie de cabana sob a qual ficaram os trabalhadores sem nenhuma condição de fazer a remoção de todo o concreto desabado quase em suas cabeças. Não havia comunicação externa, não havia telefone e muito menos a possibilidade de qualquer ser humano chegar ao local, não só porque o trabalho a que eles se predispuseram a fazer duraria 15 dias, mas também, por causa dessa tempestade associada a enchentes,as quais inibiriam qualquer acesso externo ao local ilhado.

Já estavam trabalhando nesse local há cerca de 10 dias e sabiam que os alimentos que tinham não durariam por muito tempo. Eram 15 homensnessa situação. O desespero começou a tomar conta de uns, em consequência do ocorrido, houve de antemão duas mortes naturais por infarto fulminante, provavelmente decorrentes da situação calamitosa e inusitada pela qual estavam passando.

Chama a atenção Sr. Gentil, homem de aparência sofrida, com semblante calmo, sempre ponderado em suas ações, que tentava a qualquer custo acalmar os companheiros, dizendo, entre outras coisas, que Deus haveria de dar uma solução viável, que todos teriam que confiar na ação divina e que de uma forma ou de outra todos sairiam ilesos daquela situação. Como dito, eram cerca de 10 homens envolvidos na presente situação.

Foram-se passando os dias e, quase sem ter com o que se alimentarem, estavam sofrendo por inanição. Estavam, também, sem água e, somado a todo o desespero, vieram a falecer mais cinco homens. Havia mais três, dentre eles, Sr. Gentil, que a todo o momento mostrava-se com fé, e decidido que de um jeito ou de outro, tudo seria resolvido. Sua fé, diante de situações calamitosas, chamava a atenção de todos, sua serenidade em resolver situações desastrosas era a sua marca número um. Não se abalava por nada, nasceu com uma capacidade de resiliência incrível e tentava passar isso para as pessoas que o circundavam.

Dos homens que sobraram, dois eram claustrofóbicos e, assim, não aguentaram mais três dias e vieram a falecer. Mas Sr. Gentil mantinha-se vivo e com muita fé de que a situação de uma forma ou de outra iria se resolver.

Uma vez, há muitos anos, quando era solteiro, foi passear de teleférico e, quando o bonde já estava bem no alto, um dos cabos de aço se rompeu e ele acabou ficando pendurado apenas pelo cinto da calça numa altura de, pelo menos, 550 metros. A possibilidade de sobrevida naquela situação era ínfima, todavia Sr. Gentil, já naquela época, colocou em prática a sua capacidade resiliente e orou, orou muito porque sempre acreditou que nós,quando vimos para a Terra, temos um propósito, e que tal propósito está escrito no livro de Deus.

Pois bem, nessa situação poderia terse desesperado, fazendo com que suas forças físicas minassem até o ponto de não aguentar se segurar no último cabo de aço que lhe restava. Contudo,ele poupou seu desespero e começou a pensar em sua vida, sabia que tinha vindo ao mundo com um propósito e que ele não poderia acabar ali. Pensava também na família. Não precisamos dizer que Sr. Gentil sobreviveu.

Voltando, pois ao caso dos trabalhadores da caverna...nessa grave situação a que se encontravam. Sr. Gentil não deixou de contar essa história, cujo desfecho foi bastante inusitado, mas que salvou a sua vida naquela ocasião.

Passaram-se mais alguns dias e os dois sobreviventes que restavam já estavam perdendo suas esperanças. Tinham quase a convicção de que não sairiam dalivivos, mas Sr. Gentil continuava sempre firme em suas próprias convicções, muito embora também muito debilitado fisicamente, pois já estavam há quase duas semanas sem comer e sem beber. Restavam-lhes apenas algumas cascas de frutas, pedaços de pão embolorado e algumas gotas de água que escorriam da rocha.

Em menos de 24 horas, mais dois homens vieram a falecer. Desespero+fome+sede+desesperança culminaram na morte desses últimos homens, os quais lutaram da forma que puderam, mas não resistiram à situação.

Mas o melhor estava por vir:

Sr. Gentil seguia com a suas orações, apelando como sempre ao Ser divino. Sua fé era inabalável. Mesmo sentindo que estava perdendo suas forças, continuava orando, porque sabia que sua vida fazia parte dos desígnios divinos. Já não conseguia mais se movimentar, a fome doía-lhe o estômago, a escuridão, a umidade, e os inúmeros corpos... ali no chão, em decomposição,não abalaram a sua fé.

Sempre acreditava que o melhor ainda estava por vir, ainda que se esse melhor culminasse a sua morte, ainda assim, sabia que seria feita a vontade Dele.

Alguns cachorros farejadores começaram a se aglomerar em volta da rocha e alguns urubus também, por conta de muitos corpos em decomposição. Isso chamou a atenção de um helicóptero que sobrevoava a área, em busca de sobreviventes, mas nunca que quebrariam uma rocha, até porque não poderiam imaginar existência de pessoas ali.

Entretanto, diante desse indício, optaram por verificar, e chegando mais de perto puderam ouvir um grito de desespero.Assim, com mais um dia de trabalho e com muitas máquinas devastando a rocha, salvaram Sr. Gentil, o único sobrevivente do local.

Somos o resultado daquilo que pensamos e agimos.

Portanto, caro leitor, nunca se esqueça da máxima: A vida tem a cor que você pinta.