Nascido aos 22 dias do mês de julho de 1901, filho do jornalista Francisco Luiz de Campos e de Engrácia Gomes de Campos, Evandro Campos foi muito mais que um profissional da comunicação.

Desde de sua infância em Paraibuna (SP), sua terra natal, até a sua consagração como o “homem dos 7 instrumentos”, devido a suas diversas habilidades, entre elas a de usar a máquina de escrever, manejar os tipos móveis, dirigir a redação de um jornal e ainda ser um poeta com as palavras, Evandro deixou um legado significativo para a história de Taubaté e da imprensa brasileira.

Viveu em Salesópolis(SP), onde seu pai nasceu e foi prefeito e em Jacareí (SP), cidade onde seu pai, além de atuar como subdelegado de polícia, chegando a receber a patente de capitão, e de integrar o quadro administrativo da Santa Casa, inicia as atividades como redator do “Correio de Jacarey” e do jornal “O Jacareiense”.

Morando em Jacareí, Evandro foi aluno do Grupo Escolar “Cel. Carlos Porto”, e escreveu, aos 13 anos, seu primeiro artigo “A Laranjeira”, publicado pela revista infanto-juvenil “Tico-Tico”, do Rio de Janeiro.  E também, em 1921, editou o jornal “O Ideal”, com Aparício Lorena.

Em 1922, mudou-se para Caçapava, onde Evandro, ainda muito jovem, trabalhou como servidor público na Prefeitura e na Câmara Municipal, foi escrivão do júri e oficial maior do Cartório de Registros, e ingressou na carreira profissional de comunicador como diretor-proprietário dos jornais “A Semana” e “Caçapava-Jornal”. Em paralelo, ainda era colaborador do jornal “A Cidade”, de Jacareí.

Casou-se em Caçapava, em 17 de dezembro de 1925, com Maria Cecília Sinfães Campos, com quem completou 60 anos de uma feliz união e teve 13 filhos:  Zylah, Luiz Gonzaga, Alberto de Liége “Bebé”, Margarida Alacoque, Thomaz de Aquino, Maria Ignez, Tarcísio Paulo, José de Arimathéa, Paulo de Tarso, Félix de Valois, Marta Maria, João Evangelista e Ana Maria; 31 netos, 45 bisnetos e 25 trinetos.

Em 1928, Evandro Campos e seu confrade jornalista Gentil de Camargo idealizaram o Congresso Jornalístico que culminou com a fundação da Associação Norte-Paulista de Imprensa – A.N.I.

No início da década de 1930, Evandro Campos e família se transferem para Taubaté(SP), cidade onde o combativo jornalista, além de gerenciar “O Norte”, e de dirigir “O Lábaro”, fundou e dirigiu  os jornais “A Folha” (1931-1932); “Nossa Terra” (1935-1944), e “Taubaté-Jornal” (1ª fase: 1945-1946 / 2ª fase: 1947 / 3ª fase:1948-1949).

Publicou incontáveis  reportagens, artigos e crônicas sobre política, literatura e cultura em vários periódicos, tais como: “A Tribuna”, “A Voz do Vale do Paraíba”, “Diário de Taubaté”, “O Taubateano”, “O Jambeirense”, “O Valeparaibano”, e “Correio Paulistano”.

Na imprensa falada, criou e dirigiu por largo tempo o Suplemento Sonoro “Nossa Terra”, modalidade de jornalismo radiofônico que ele próprio apresentava, diariamente, às 19 horas, pela ZYA-8 Rádio Difusora, no início dos anos 1940; teve sob sua direção e apresentação  o programa “Informativo Cacique”, pela ZYR 28, desde a inauguração da Rádio Cacique, em 1956;  autor de crônicas da “Ave Maria”, as quais escrevia especialmente para a Rádio Difusora e era transmitida, diariamente, às 18 horas, pela emissora, na década de 1950.

Além do seu trabalho no jornalismo, Evandro Campos também teve participação ativa na política e ocupou cargos importantes e em diferentes setores da sociedade. 

Como servidor público, foi Diretor de Secretaria  da Prefeitura Municipal de Taubaté, cargo no qual se aposentou em 1955; Secretário do Museu Municipal; Conselheiro do I.P.M.T. – Instituto de Previdência do Município de Taubaté; membro da diretoria da A.F.M.T. – Associação dos Funcionários Municipais de Taubaté; e auxiliar administrativo na Legião Brasileira de Assistência.

Na década de 1950, eleito suplente de deputado, teve destacada atuação.

Foi vereador duas vezes: a primeira pelo Partido Trabalhista Brasileiro e a segunda pelo Partido Democrata Cristão. No período da Quarta Legislatura, de 1º de Janeiro de 1960 até 31 de dezembro de 1963, foi um dos suplentes convocados. Já na Quinta Legislatura, de 1º de janeiro de 1964 até 31 de dezembro de 1968, foi eleito um dos 19 vereadores. No ano de 1964 foi escolhido primeiro-secretário.

Teve intensa atuação social: como diretor de cultura do Taubaté Country Club, tendo sido também colaborador do jornal do TCC, na década de 1940; e como diretor do departamento de teatro do Círculo Operário Taubateano – C.O.T., na gestão de 1950.

Ao longo da vida, Evandro Campos também atuou como liderança em atividades religiosas: foi presidente da Federação das Congregações Marianas; integrou a comissão encarregada de construir o Monumento ao Cristo Redentor de Taubaté; foi membro da Cruzada Escolar Anchieta; e da Sociedade São Vicente de Paulo, sendo autor da publicação “Origens da Obra Vicentina de Taubaté”, de 1974, e colaborador da Revista “Sinal”, da SSVP.

Grande incentivador do esporte, foi o principal idealizador-fundador da Liga de Futebol Norte de São Paulo (L.F.N.S.P.), em 1938;  e diretor de publicidade do Esporte Clube Taubaté, na década de 1930.

Por relevantes serviços prestados ao município de Taubaté,  quer como jornalista, quer como homem público dos mais dinâmicos, quer como filantropo dada à sua ideologia religiosa, lhe foi outorgado o Título de Cidadão Taubateano, em 1977, pela Câmara Municipal de Taubaté.

Pelo Dia da Imprensa e Dia do Rádio, merecidos preitos lhe foram prestados em reconhecimento por seu trabalho ético e independente nos meios de comunicação de Taubaté e região, e sua significativa contribuição para o progresso da própria cidade: em 1982, em “Noite das Personalidades”, promovida pela Rádio Cacique; no ano de 1988, pela Rádio Difusora, com os colegas Emílio Amadei Beringhs, José Pedro Saturnino e Manoel de Freitas Silva Neto;  e em 1989, pela Prefeitura Municipal de Taubaté.

Em 1992, ao completar 90 anos de vida, ainda em atividade jornalística, o jornal “O Taubateano”, do qual foi colaborador por 20 anos, entregou-lhe de presente uma página repleta de depoimentos de familiares e do próprio proprietário Alaor Fernandes Lima.

O nonagenário jornalista faleceu no dia 25 de agosto de 1994 e está sepultado no cemitério da Venerável Ordem Terceira, junto de seus pais, esposa e familiares. Seu irmão, Padre Leornardo Campos, nascido em Jacareí, se encontra  no jazigo dos bispos e padres da Diocese de Taubaté, na Capela Nossa Senhora da Piedade, do mesmo cemitério.

Como justa homenagem, Evandro Campos teve seu nome atribuído à quadra poliesportiva do Bosque da Saúde e à uma via pública no bairro do Belém, em Taubaté.

 

Por Thelma Campos (neta orgulhosa e autora do livro “Jornalista Evandro Campos: história e crônicas de um admirável homem das letras)