REGINA CÉLIA PINHEIRO DA SILVA - Cadeira nº 14 da ATL- Patrono: Paulo Camilher Florençano

 

 

Pérolas dos netos e dos sobrinhos

 

Algumas Considerações

Tudo começou com o desejo de registrar e guardar as primeiras observações e descobertas dos meus netos: Miguel e Bianca, hoje com oito e sete anos, respectivamente.

Um tempo depois que eu havia começado os registros, meu irmão teve duas filhas e fui anotando as observações da mais velha dele, a Carolina, que atualmente tem quase sete anos.

Tenho mais dois netos e outra sobrinha, ainda pequenos, dos quais ainda não ouvi suas observações sobre a vida para poder registrá-las.

As outras duas netas já são maiores e não acompanhei essa fase inicial.

Por tudo isso, esse livro tem um sentido maior para os da família, que aqui encontrarão boas recordações no futuro. No entanto, outros leitores poderão encontrar nessas pequenas histórias, incentivo para também registrar as suas. Procurei deixar as falas das crianças como elas as disseram ou como me foram contadas, sem a preocupação de corrigi-las de acordo com as normas gramaticais.

E por falar nas histórias, não poderia deixar de registrar duas passagens dos meus filhos quando pequenos e que trago em meu coração.

Fabio tinha quase quatro anos e meio e estávamos indo de Taubaté para o Rio de Janeiro, pela estrada que acompanha o litoral de Ubatuba. Fabinho, olhando o mar, de repente me sai com uma observação incrível! Sem que estivéssemos falando disso, ao ver “o mar se encontrando com o horizonte”, diz:

–––– O mar vai lá longe, lá longe. Aí, o mar vai no céu. Aí, tem que chover para tirar o mar do céu!...

Tiago lembro bem, não sossegava nem parava quieto por muito tempo. Vivia a aprontar! E perturbava os dois irmãos como só ele sabia fazer. Num desses dias, quando estava, aproximadamente, com uns seis anos, briguei com ele e mandei que parasse de implicar com os irmãos. Ele vai e diz:

–––– Você não diz que a gente tem que dividir tudo? Estou dividindo minha chateação!

Essas histórias dos filhos guardei na memória, no coração e nos cadernos deles. Muitas outras se perderam, tanto que não me recordo de alguma do filho Diogo. Por isso, com mais tempo agora do que naquela ocasião, resolvi começar a registrar as histórias que ouvia dos netos ou tinha conhecimento através dos pais.

Este é um livro para adultos e para quando os protagonistas dos relatos crescerem um pouco mais. Agora, por volta dos sete anos, estão na fase que alguns autores chamam de terceira infância (que vai dos seis aos 11 anos), e a sensibilidade deles pode fazer com que não gostem das histórias e não achem graça do que nos leva a rir, principalmente, porque são histórias sobre eles próprios.

Outra motivação veio pelo prazer que eu encontrava ao ler as frases ditas por crianças que o Pedro Bloch, escritor, dramaturgo e médico pediatra, escrevia na revista Pais e filhos dos anos 80, numa coluna chamada Criança diz cada uma...

Partindo dessa inspiração, encerro com uma frase dele:

 

Adultos são o que as crianças se tornam depois que

começam a produzir hormônios e a largar sonhos

pelo caminho.E é assim que nos tornamos mais

responsáveis e burocráticos. 

                                                                                                                                                                 (http://minutocrianca.wordpress.com/2014/02/19/crianca-diz-cada-uma/)                  

Deixem aflorar as crianças que ainda existem em vocês e divirtam-se! Ah!... E ouçam sempre suas crianças: seus próprios filhos e suas crianças internas.

Regina Célia Pinheiro da Silva

dez. 2018